A criação

Gesimário de França Carvalho*

O artista zombava do amor pelas esquinas
e o amor zombava do artista.
Pintava o amor numa tela
como uma donzela despida.
E como zombar era próprio dela
a donzela tomava vida.
O artista zombava do amor, como da sina,
e o amor zombava, ainda, egoísta,
como quem sabe que quem pinta
sua desnuda quimera
pinta, antes, a alma da nudista.

 

*Poeta e Professor

       

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