RESMUNGOS DE SAUDADES
ZILMAR WOLNEY AIRES FILHO*
04/09/2009
Quando Caetano Veloso disse não entender a lógica de Roberto Carlos, através da canção, Muito Romântico, o Rei, por ocasião das comemorações dos seus 50 anos de carreira, mostrou a química simples, que envolve milhões de brasileiros, numa assumida “robertocarlagem”, na qual nos incluímos, através dos seguintes pilares: exaltação religiosa, amor à família e eterno apego e lembrança à terra de origem.
Muitas pessoas pouco compreendem a extensão de sentimentos que muitos vertem a Dianópolis-TO, apesar da distância que se encontram. É que muitos ainda possuem muitas coisas e causas pendentes, por cá, para, após, ir para lá. Me lembro, como hoje, a revoada, de volta, do saudoso Confúcio Neto, que trabalhou toda uma juventude no Distrito Federal, para descansar em paz em sua Terra Natal. Certamente, tinha uma lógica para isso. Aliás, mais dia, menos dia, outros desenham o mesmo trilho da volta, porque “São José do Duro”, no passo da ida, dá sempre a régua e compasso, para não se errar o caminho de volta. Enfim, somos apenas aves do norte, em revoada passageira, até a retomada do ninho.
É certo que mudaram as estações, e muita coisa, por lá, mudou, à contrário senso do que sempre apregoou o poeta Renato Russo. Agora as notas musicais tocadas, ali, com raras exceções, vêm de fonte duvidosa, quem sabe as mesmas que embalam os descontraídos garimpos do Pará. Felizmente essas cantigas de rodas, não gritam em nosso subconsciente. Talvez, por isso, o Sr. Chico Buarque de Holanda reverbere, com mais propriedade, ao desabar: “vivemos num atual mar de mediocridade.” O perigoso é só se acostumar. Mas, é preciso acreditar que a fonte irar limpar-se novamente. Ora, dizia Lavoisier: “Na natureza tudo se cria, nada se perde, tudo se transforma. É claro, às vezes, para pior. Graças à Deus, o Terra Boa mudou de roupa, e agora, na onda virtual, é www.dno.com.br, sem perder a autenticidade, garantindo as origens, costumes e tradições, mas sempre rumando ao progresso.
Nesta onda de mudanças constantes, é importante ir garantindo alegria, com aquilo que aprendemos. Crescemos entre aqueles que ensinavam que casamento certo, e duradouro, era com as moças do lugar. Pois estes, apesar das intempéries, são aqueles que costumavam durar mais. Nesta seara, cabe refletir, quantos dos nossos se distanciaram do Torrão, porque a esposa, naturalmente, puxa o marido para o seio de sua família. Agora, talvez, seja fácil compreender, em sua inteireza, o axioma: os opostos se atraem. Todavia, são os parecidos que se juntam. A velha escola do mundo continua a ensinar.
A verdade é que os ventos de julho, embalados na viração que traz a poeira pela Serra Geral são imagens difíceis de apagar. Assim, a agenda mental nos lembra dos folguedos e festejos do povoado Missões, Sucupira, e por fim, O Senhor do Bonfim, na serra da Natividade.
* ZILMAR WOLNEY AIRES FILHO - Advogado e Professor Universitário