O EMPREENDEDOR DO SÉCULO XXI

Wilson José Rodrigues Gomes (*)

26/10/2004

 

Um empresário mandou chamar um dos gerentes de sua fábrica, cujos empregados não estavam atingindo suas cotas de produção e disse-lhe:

- “Como é que um homem capaz como você, não pode fazer com que sua fundição produza o que devia produzir?”

- “Não sei - respondeu o gerente – tenho agradado aos homens, tenho-os incentivado, feito promessas de melhorias, tenho ameaçado reduzir seus salários, até mesmo despedi-los, mas nada dá resultado. Simplesmente não querem produzir”.

Isto aconteceu no fim do dia, pouco antes da turma da noite iniciar os trabalhos.

- “Dê-me um pedaço de giz”, disse o empresário. E, voltando-se para o homem mais próximo:

- “Quantas fornadas fez a sua turma hoje?”

- “Seis” – respondeu o homem.

Sem nada dizer, o empresário escreveu a giz, no solo, um grande número “6” e foi-se embora.

Quando a turma da noite chegou, os trabalhadores viram o número escrito no chão e perguntaram o que significava aquilo.

- “O chefão esteve aqui hoje – disse um homem da turma diurna – e perguntou-nos quantas fornadas havíamos feito, nós respondemos “seis”. Ele então escreveu o número no chão com giz e foi embora.

Na manhã seguinte a turma da noite apagou o “6” e em seu lugar escreveu um grande “7”.

Quando o pessoal do dia chegou para o trabalho, viu o número “7” desenhado no chão. Todos trabalharam com motivação e, ao largarem o trabalho à noite, deixaram atrás de si um enorme, um gigantesco “10”. (Trecho extraído do livro: Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie)

O meio para se conseguir a realização de tais coisas é estimular as pessoas para o desafio. Dar a elas a oportunidade para a auto-expressão; para mostrar suas capacidades; para serem reconhecidas como parte integrante e importante do processo, e não serem tratadas apenas como animais de tração, dos quais só se valoriza a força física. O salário é importante, sem dúvida, mas por si só não pode agir com eficiência junto aos trabalhadores.  Não é possível conservar bons profissionais apenas com isso. São esses estímulos que motivam as corridas a pé, as escaladas de montanhas, a saltar de pára-quedas, a mergulhar nas profundezas dos oceanos, a voar de asa delta, enfim, a praticar esportes radicais. Esse é um meio infalível de apelar para as pessoas de espírito.

O propósito aqui não é o de  se implantar a paranóia da competição, a voraz necessidade de querer  levar vantagem em tudo. É exatamente o contrário o que se objetiva: É a interação capital/trabalho, o banimento irrestrito da mão-de-obra e a institucionalização definitiva da cabeça-de-obra.

Otimizando as competências pessoais, promovendo o interelacionamento entre os seus trabalhadores através de treinamentos sistemáticos, o empreendedor estará oferecendo a oportunidade de introspecção, informação, propiciando assim, a possibilidade de crescimento pessoal e profissional  daqueles que têm participação decisiva na boa performance de qualquer empresa.

Uma frase do médico psiquiatra e  palestrante empresarial, Paulo Gaudêncio, assim diz: “Até alguns anos atrás, empresa moderna era aquela que investia pesadamente em maquinário e sistemas. Hoje ela corre atrás daquilo que defino como a última descoberta da tecnologia: o ser humano”.

É isso mesmo, a configuração da empresa moderna, num mundo cada vez mais competitivo e globalizado, não tem mais seus pilares de sustentação na mão-de-obra, mas na cabeça-de-obra. Os músculos já não são mais o principal motor que faz mover as engrenagens dessas corporações. São os neurônios, o coração e a espiritualidade que vão conduzir, aliás, já estão conduzindo, a empresa do Século XXI aos mais altos patamares da excelência.

E, para não perder o trem-bala do terceiro milênio, o empreendedor não deve se esquecer jamais, de que nestes tempos de constantes mudanças não é o maior que vai devorar o menor; é o mais rápido que vai engolir o mais lento.

 

(*) Advogado, técnico de segurança do trabalho e consultor de empresas na área de saúde e segurança do trabalho.

 

       

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