UM NOVO FIM
 

Wilson José Rodrigues Gomes*

12/10/2008 

 

Ótimas são as lembranças de Gabriel Araújo, que por décadas foi professor no Instituto de Menores de Dianópolis. Um poço da mais cristalina ética e uma reserva ímpar da mais consistente moral. Precocemente mudou-se para a prateleira de cima. Vai entender os decretos de Deus!

Gabriel era mais que professor: era conselheiro, confessor, educador, acima de tudo. Exortava paternalmente os alunos para que usufruíssem ao máximo as oportunidades de aprendizagem. Dizia ele que, para estarem mais preparados para a vida todos deveriam procurar aprender de tudo, inclusive roubar; só não deveriam pôr em prática. Filósofo também. Gabriel era um menestrel da vida, legítimo discípulo do axioma: “Educar é ensinar a viver”. Mandamento ainda hoje cunhado indelevelmente na entrada daquela instituição por seu fundador, Hagahús Araújo.

Pior para nós, pois este, como outros “Gabriéis” são aves em extinção. Por isso vive-se hoje sob o império da Lei de Gerson: o negócio é levar vantagem em tudo, certo? Lei infame, que relega a criatura à pérfida condição de animal racional (ou bicho racional?), que penosamente ainda vegeta entre a animalidade e a insanidade, circunstância bem adversa da condição de ser humano, o nosso verdadeiro “desideratum”.

Instalada a anarquia da ética, instala-se também a crise da moral e o caos se estabelece no seio da família, desestruturando-a. Diz Joana de Ângelis: “Quando a família se desestrutura a sociedade cambaleia, a cultura degenera e a civilização se corrompe”.

Ainda Joana de Angelis: “A tecnologia atual aliada à ciência, que ensejou a conquista do cosmo, infelizmente não pôde impedir o deterioramento da família, vitimada por inúmeros fatores que se têm enraizado no organismo social de forma cruel”. Mas muito antes Rui Barbosa já havia dito: “A Pátria é a família amplificada”.  A conclusão é sintomática: tudo começa no grupo familiar.

Fala-se aqui e alhures, que o povo brasileiro sofre de um mal crônico, desencadeado por um vírus mutante diagnosticado como SVL – Síndrome de Vira-Latas. Um povo apático, abúlico, sem esperanças, politicamente um Jeca Tatu - personagem da lavra de Monteiro Lobato, que ante uma proposta de melhoria sempre responde: “Não vale a pena”.

O Governo, perante este estágio patológico, vai à mídia conclamar à massa votante para escolher bem seus candidatos. Quatro anos é muito tempo como mandato nas mãos dos maus políticos. Mas a Justiça – segmento do mesmo Governo – de uma só canetada anistia todos os candidatos sub judice e até mesmo os já condenados. É assim que vamos edificar uma Nação soberana?

Os maus políticos (e quantos?) mataram o patriotismo, entregaram o nosso ouro, venderam nossas matas e nada fizeram para impedir a maculação do azul de nosso céu pela poluição. O grande paradoxo é que no solene momento da diplomação juram pela Pátria, pela Bandeira Nacional, depois a trocam pela bandeira de quem pagar mais. E descaradamente ainda instalam um crucifixo nas paredes de seus gabinetes. São tão traidores e infames quanto o foram Judas, sobre o qual dispensa-se comentário, Domingos Fernandes Calabar, que se vendeu aos holandeses ao tempo da colonização da Capitania de Pernambuco e Joaquim Silvério dos Reis, traidor da Inconfidência Mineira. Com semelhante corja encastelada no pode como ufanar-se de se brasileiro?

O que nos resta neste momento é implementar os ditames da máxima de Chico Xavier: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim".


 (*) Advogado, técnico de segurança do trabalho e consultor de empresas na área de saúde e segurança do trabalho.

       

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