O sabor da Montanha

Lucas Araújo Lustosa*

30/10/2009                                        

Ao entardecer as nuvens aparecem nas alturas mostrando sua beleza e sua grandiosidade. Começa a anoitecer e as tempestades surgem no horizonte do nosso caminho e a chuva começa a cair.

Ao chegar no acampamento a chuva aumenta cada vez mais. O nosso sonho, cada dia vai se realizando, e torcemos para que o céu fique limpo. Mas a chuva continua caindo e a noite chega.

Quando o dia retorna e o tempo volta a brilhar, para a nossa alegria, aproveitamos a manhã para ir em busca de nosso grande objetivo, que é tentar conquistar o Pico Lênin, uma linda montanha com 7.134 metros de altitude.

Com muita dificuldade, enfrentando inúmeras e perigosas avalanches, durante dia e noite, tentamos alcançar o pico mas a natureza não colabora. A janela de bom tempo infelizmente não nos ajudou mas não vamos desistir. Está extremamente perigoso chegar ao topo da montanha nesta temporada, temos que admitir. Resolvemos então desmontar todos os apetrechos e iniciar a descida da montanha, pois ainda temos outras montanhas a frente a nossa espera

Não conquistamos o Lênin desta vez, mas não desistiremos pois, na vida, nada é fácil. Temos que ter coragem e seguir em busca dos desafios, porém também temos que nos proteger, pois a nossa vida também corre perigo numa empreitada como essa e nossa vida é muito preciosa.

Chegamos em um hotel muito antigo e lá dormimos. Ao amanhecer pegamos a estrada em direção a cidade de OSH, dentro de um microônibus que chacoalhava demais. Este hotel em que somos os únicos hóspedes é apenas um dos inúmeros testemunhos das conseqüências da dissolução da União Soviética, ocorrida em 1991. Países como o Quirguistão tornaram-se independentes, mas entraram em decadência com a falta de recursos e expectativas vindas de Moscou.

A estrada que enfrentamos ontem também é outro exemplo do que um dia foi e do que é hoje o Quirguistão. Eu e Irivan chegamos aqui em Osh tontos de tanto chacoalhar dentro de um microônibus, durante as 9 horas que levamos para percorrer os 280 quilômetros, desde o acampamento até a base do Pico Lenin. A estrada que se leva até os 3.554m de altitude foi construída pelos russos e, após 1991, foi completamente abandonada. O Asfalto desapareceu, sendo uma sucessão de buracos e uma poeira insuportável. Lentamente está sendo recuperada pelos novos interessados em um certo domínio sobre o Quirguistão, os chineses.

Bem. Eu, Waldemar Niclevicz e  o Irivan – Irivan é um grande amigo que está comigo nesta longa jornada – já temos muito que dizer dessa fantástica expedição que estamos fazendo aqui na Ásia Central, e a grande novidade é que felizmente coroamos com êxito a escalada da nossa primeira montanha.

            No dia 19 de julho, às 14h15 (5h15 da manhã no Brasil), Irivan e eu, com todo orgulho, levamos a bandeira brasileira a tremular pela primeira vez no alto dos 7.134m de altitude do Pico Lenin, arrancando gritos de alegria de alpinistas de várias partes do mundo que torciam pelo nosso sucesso. Eles foram chegando à montanha aos poucos, e ao saberem do nosso esforço em abrir o caminho em uma temporada com tanta neve, logo nos valorizaram mais. Estamos felizes com a fama inesperada que conquistamos por aqui, somos lembrados como os “fortes e determinados brasileiros”. Que bom deixar tão boa impressão do nosso Brasil aqui nessa parte do mundo! Com imenso orgulho e felicidade informo a todos os brasileiros que aqui pela Ásia central felizmente fomos os primeiros alpinistas escalar com sucesso a montanha, colocamos no topo a bandeira verde e amarela do nosso Brasil tremulando nas alturas. Estamos felizes com a conquista do nosso objetivo. Conquistamos a montanha com muita dificuldade. Enfrentamos muitas tempestades, frio, gelo, nevascas, mas vencemos e chegamos ao topo da montanha Chegamos ao TETO DO CÉU.

montanhas.(Apesar de nãopraticar.)

Lê também muitos livros sobre o assunto e tem uma pequena biblioteca.