ASPECTOS DA VIDA

 

DÍDIMO HELENO PÓVOA AIRES*                                                                                                        

23/03/2010

  

Wilson e Celeste,

Gasta-se apenas alguns minutos para realizar um casamento, mas espera-se meio século para realizar um casamento de ouro. Há 50 anos vocês se uniram pelos laços matrimoniais e durante todo esse longo tempo compartilharam alegrias e tristezas. Amar exige determinação e prática diária. É a entrega de si mesmo ao bem-estar do outro. Agora vocês estão prontos para começar outros cinquenta anos... E queremos estar aqui para podermos de novo desejar a vocês a maior felicidade do mundo. Parabéns

Celeste,

Que seus olhos se tornem ainda mais brilhantes de alegria e contentamento, e seu sorriso cativante ecoe em gargalhadas de felicidade... Que seu coração sempre se enterneça por saber o valor da amizade... Que em seu corpo vibre a saúde, a energia, a vida... E que sua alma fique iluminada com as bênçãos do amor que você merece. Feliz Aniversário!                                                                            

                                                                                                                              Por DÍDIMO HELENO

 

Uma coisa é certa: ninguém adentra a casa de CELESTE ALVES PÓVOA e sai de lá sem um agrado. Muitos tiveram o privilégio de degustar seu picadinho de mandioca e tomar sua limonada de limão-galego.  Essa mulher melhorou o mundo com sua presença no dia 21 de janeiro de 1940, quando nasceu em Dianópolis, numa família construída por Pery e Stela Póvoa, em meio a dez irmãos, sendo a mais velha de sete mulheres.

Todos da família sabem que não precisam se preocupar em se lembrar das datas de aniversário dos parentes. Basta uma simples ligação para a dona CELESTE e tudo se resolve. Aliás, não raro alguém recebe um telefonema dela, que faz questão de investigar se o interlocutor ligou para o aniversariante do dia. Trata-se de uma agenda preciosa, além de saber os números de telefone de boa parte dos habitantes da cidade. 

CELESTE é sinônimo de generosidade. Caridosa – aspecto de sua personalidade que adquiriu da mãe, Stela – sempre se mostrou disposta a auxiliar os mais necessitados, esbanjando a espontaneidade e a alegria contagiante peculiares aos que amam a vida. 

Além da beleza física, esses foram os atributos que conquistaram o primo e marido WILSON ARAÚJO PÓVOA, vindo de Patos, em Minas Gerais, filho do pernambucano José Araújo e Silva e da dianopolina Amélia Póvoa. Os encantos da moça CELESTE impulsionaram o recém formado odontólogo a lhe propor casamento, único meio de arrefecer a paixão que tomava conta de seus jovens corações.

No dia 14 de maio de 1960 aconteceu o dia mais feliz de suas vidas. Após o casamento se mudaram para o Instituto de Menores, fundado pelo irmão de WILSON, Hagahús Araújo e Silva. Lá, enquanto o casal administrava o recinto, aproveitaram para adotar dezenas de filhos, vindos de várias partes do país. Mas acharam pouco e juntos tiveram os seus próprios: Rose, Beto, Zé Ângelo, Sílvio, Amélia e Cleso, que ainda com dois meses de idade deixou esta vida para se transformar num anjo celeste. 

Dona LETINHA, como carinhosamente também é chamada, é mãe, avó, bisavó e madrinha de inúmeros filhos. WILSON, administrador nato, aos poucos se afastou da profissão para se dedicar às causas sociais, tendo sido acompanhado pela valente esposa, que não lhe negou o apoio em todas as empreitadas nas quais se embrenhou. Se ele conquista pela integridade, austeridade e retidão de caráter, ela também conquista pelos mesmos atributos, acrescidos da simpatia fascinante e da habilidade que sempre demonstrou em encantar os corações das pessoas que estão a sua volta. 

CELESTE, ou LETINHA, é capaz de assumir qualquer cargo político e certamente seria muito bem sucedida. Os corredores do INSS, das Secretarias de Trabalho e Ação Social dos Estados de Goiás e Tocantins conhecem bem essa mulher incansável, que corre atrás de aposentadorias e benfeitorias para acolher os mais necessitados. Quando CELESTE aponta à porta de algum órgão público, com sua elegância e sorriso fácil, está claro que dali não sairá de mãos vazias. É muito difícil lhe negar alguma coisa, principalmente porque ela solicita com o coração, com a alma, com a vontade inegável de ajudar o próximo.

WILSON, por outro lado, teve a oportunidade de exercer cargos políticos, entre os quais o de prefeito de Dianópolis, que assumiu interinamente. A honestidade, lhaneza de caráter e a lisura que sempre demonstrou com a coisa pública, foram marcas deixadas por onde passou. Hoje, de volta à diretoria do Instituto, em que  permaneceu por mais de trinta anos numa primeira fase, continua ensinando, educando, formando e informando, ajudando a construir vidas. WILSON é um homem que sabe ter autoridade sem ser autoritário; é culto, amante de boas leituras e de cinema. No futebol, foi o nosso Telê.

Por tudo o que até aqui se disse, vê-se que esse casal jamais poderia não ter sido bem sucedido. Dizem que casamento de sucesso é aquele que dura por toda a vida. No momento em que WILSON e CELESTE completam 50 anos de casados – a tão sonhada Bodas de Ouro, que poucos infelizmente conseguem atingir – é uma oportunidade de reflexão para todos nós, que devemos nos espelhar em seus exemplos, que são inúmeros.

CELESTE, que completa 70 anos de existência, é mulher humilde e nobre. Sua altivez e elegância, aliados ao caráter sólido e a presença sempre harmônica,    cativam e conquistam a todos que têm o privilégio de desfrutar do seu convívio.  Com WILSON, construíram uma família extensa, que deu frutos, cuja safra continua em expansão. Seus filhos se encarregaram de trazer outros filhos para esse lar generoso.

Rose trouxe Luiz e, juntos, agraciaram WILSON e CELESTE com a beleza de Danillo, Murillo e Giullian; Beto lhes ofereceu Ava Doris e, de presente, trouxeram ao mundo os olhos azuis de Sofia; Zé Ângelo e Lívia participaram com os cabelos cacheados e a pele morena de Juliana; Sílvio e Flávia também deram sua colaboração, e trouxeram à vida Caio Augusto e Ana Carolina; Amélia e Cido aumentaram a família e, misturados ao amor, deram vida a Evelyn, Éder e Ígor.

Por enquanto, é Danillo o neto responsável pela transformação de WILSON e CELESTE em bisavós. Com Lidiane não demorou a trazer João Victor e Enzo para fazerem parte dessa plêiade. 

A família – com o perdão do lugar comum – é a base da sociedade. É através dela que se constrói os melhores valores de um povo, de uma Nação. Por isso se diz que quando nasce uma mulher, junto com ela nasce uma família. A ela o Criador deu o privilégio da maternidade. Como ensinou George Herbert, “uma boa mãe vale por cem professores”, e o seu coração é a sala de aula do filho.

Quando um grande homem encontra uma grande mulher, juntos eles formam uma família grandiosa.  E grandiosa em todos os sentidos, tanto no aspecto moral e ético, quanto no pessoal e social.

WILSON e CELESTE se completam. Todos nós trazemos para o casamento as virtudes e os defeitos. Estes devem ser arrefecidos o mais possível; aquelas devem ser alargadas, transformando-se na junção do que há de bom no casal e do que virá a ser na família como um todo. Os valores, os princípios, se adquirem ainda no alvorecer da vida, e são os pais que transmitem as primeiras noções de ética, as lições de respeito e carinho, de amor e verdade, de caráter e perseverança, de honradez e dignidade. 

WILSON e CELESTE, acima de tudo, merecem o reconhecimento de toda uma sociedade, tanto da dianopolina, quanto da goiana, tocantinense e – por que não – da brasileira. Os seus esforços mútuos, sua dedicação e carinho serviram de bússola para muitos que tomaram o norte seguro no veleiro da vida, filhos de pessoas desconhecidas, muitos sem o devido apoio, que só vieram a ser apresentados ao amor no seio de uma família chamada Instituto de Menores.

E os timoneiros, a conduzirem essa nau pelos tortuosos caminhos da vida, são WILSON e CELESTE. Para inúmeras pessoas, eles foram a mão que as desviaram das intempéries, foram o guia para o início de uma nova trajetória, o marco de um novo começo.  Muitas crianças se reecontraram com a esperança por meio dos cuidados desses dois incansáveis instrumentos da bondade, que permitiram a realização de sonhos alheios, que vidas fossem refeitas. Os alunos que passam pelo Instituto saem de lá com uma espécie de selo de qualidade e são aceitos em qualquer ambiente.

No Instituto, era comum que as crianças cometessem a gafe de imaginar que as letras WC, inscritas nas portas dos banheiros, significassem WILSON e CELESTE, em vez de water-closet, que numa tradução livre do inglês é “cômodo com água”.

O pulso firme de WILSON e o aguçado sentimento de maternidade de CELESTE foram as medidas exatas, necessárias para a construção de uma grande e bem sucedida família, a receita para se formar uma comunidade de homens íntegros. De lá para cá, muitos empecilhos contribuíram para que alguns de seus conhecimentos não viessem mais a ser colocados em prática. Hoje, em grande medida, as crianças são vítimas de um Estado protecionista e paternalista, que em muito contribui para que técnicas educacionais consagradas no passado sejam relegadas à lixeira do tempo.

Mas esses dois incansáveis educadores continuam na labuta diária, enfrentando as dificuldades naturais da vida física e se dedicando ao bem comum, o que sempre fizeram com maestria e entrega. Permanecem a ensinar crianças e jovens, acreditam num grande sonho de transformação, acreditam, afinal, no potencial do ser humano. São pessoas assim que modificam o mundo a sua volta, que fazem a diferença, que passam por aqui e deixam sua marca, que sabem usufruir do grande milagre que é a vida.   

 WILSON e CELESTE, vocês são reconhecidos pelos exemplos, pelas vidas recuperadas, pelos caminhos abertos. Vocês souberam ser atores privilegiados, que entenderam bem o papel  a que se dedicaram a interpretar nesse grande teatro da vida. Vocês poderiam ter deixado as cortinas baixarem há muito tempo e estariam a usufruir os louros de uma trajetória de sucesso. Mas, não! Estão sempre dispostos a recomeçar, a nos dar exemplos, a cobrir de satisfação e orgulho sua família, os amigos  e os irmãos maçons que aqui vieram para dizer o quanto admira esse casal que, após cinquenta anos juntos, ainda nos mostra que tem muito a ensinar. Parabéns por fazerem da vida a oportunidade de melhorar outras vidas!

Pai e mãe para os filhos; vô, vó, vovô e vovó para os netos; bivô e bibi para os bisnetos; tio Wilson e tio Wilsinho, tia Celeste e tia Letinha para os sobrinhos; doutor Wilson para muitos; dona Letinha para outros tantos; Wilsinho para alguns e madrinha Celeste para vários. São os diversos tratamentos dirigidos a esse casal ao longo da vida, o que demonstra o respeito de toda uma sociedade, que utiliza o carinho como agradecimento.

Que no Recanto e no recato de suas vidas o Grande Arquiteto do Universo esteja sempre presente!  

·         Texto lido no dia 16 de janeiro de 2010, no Clube da Maçonaria, em Dianópolis, na festa de Bodas de Ouro de Wilson e Celeste e aniversário de 70 anos de Celeste.

 

E-mail: dibeleno@yahoo.com.br

 

*Dídimo Heleno Póvoa Aires  advogado, membro das Academias Palmense, Dianopolina e Tocantinense Maçônica de Letras.  

       

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