UM JUSTO TRIBUTO

 

José Cândido Póvoa*  (jcpovoa@hotmail.com)

04/08/2005

 

Diz o Apóstolo Lucas, no Novo Testamento: “Jesus descendo do monte inicia a sua pregação. Aproxima-se Dele um homem do povo e diz: - Mestre quero te seguir. Jesus responde: - Siga-me. Completa o homem: – Mestre, meu pai é morto, deixe que primeiro o enterre. Disse Jesus: deixai que os mortos enterrem os mortos.” Significa que do homem permanecem as obras e ações praticadas. Há exatamente um mês, recebi um telefonema comunicando o falecimento e pediram-me  que escrevesse sobre a trajetória de vida de José Pitágoras Rodrigues de Melo, mas meu coração  que se alimenta muito dos sentimentos que geram a amizade, pediu-me que falasse apenas do amigo e conterrâneo  Pitágoras, que ainda menino, aluno do Instituto Profissional São José, depois do Ginásio João D’Abreu, ambos em Dianópolis, sempre mostrou determinação, tanto é que logo depois de chegar em Goiânia, por concurso, ingressou no Banco da Amazônia, instituição que durante 34 anos se dedicou de forma tão intensa, que passou a ser uma espécie de sacerdócio e com boa parte desse tempo dedicado ao nosso Estado do Tocantins. Mas foi em Goiânia, que continuamos nossa convivência e consolidamos mais ainda nossa amizade. Experimentamos em nossa juventude momentos inesquecíveis e vivemos fatos e histórias inusitados. Foi distante da nossa terra natal, quando ele escolheu nossa colega e amiga Kátia, como fiel e dedicada companheira, que nos aproximamos mais ainda. Belos dias da infância dos nossos filhos passamos juntos, aquelas mesmas crianças que como anjos, encarregaram-se de nos aproximar definitivamente. E tudo isso ficou marcado. Mas é certo que as próprias circunstâncias nos afastaram por alguns anos, embora os verdadeiros amigos não precisam estar sempre juntos. Pitágoras nos ensinou e muito, inclusive, que podemos alimentar as boas amizades, mesmo à distância e com raros encontros. Depois da semente plantada e bem irrigada, tudo se faz vida.  A trajetória do Pitágoras honra a nossa terra natal. Honra nossa amizade nascida nas ruas descalças e tortuosas, composta de casas humildes e gente simples. A trajetória de vida que ele percorreu, a exemplo de muitos outros conterrâneos, não foi fácil, pois daqui saímos com o espírito puro de pessoas do interior e fomos enfrentar um mundo onde o poder material falava e fala mais alto que os sentimentos que perpetuam o nome de um homem sobre a face da terra. E ele se desincumbiu da sua missão de forma brilhante. Nos deixa exemplos a serem seguidos. Perpetuou seu nome e sua pessoa no coração dos amigos e de quem com ele conviveu. Agora, ele já encontrou na luz da face do Senhor Jesus, o descanso que os homens da sua estatura moral merecem e a fé nos ensina e faz acreditar. Morreu um homem honesto e o Estado do Tocantins, que muito ele ajudou, silenciou-se. Mas como o conheci muito bem, não posso negar-lhe um justo tributo em nome de todos os irmãos tocantinenses. Pitágoras  deixou a todos, seus amigos e familiares mais pobres, pois não vamos mais privar da sua convivência. Mas enriquece, bem mais, o reino dos céus. Descanse em paz velho companheiro e amigo de inesquecíveis jornadas.

 

       

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