VALE A PENA PRODUZIR UM LIVRO

 

José Cândido Póvoa*

09/09/2005

Diz a sabedoria popular que ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro, são  premissas que credenciam o homem a perpetuar seu nome sobre a terra, ou pelo menos para aqueles que lhe são mais caros. Das três, apenas a última faltava para que inserisse o meu nome no rol dos que têm o passaporte pronto para a viagem rumo ao sol oposto. A primeira encerra em si a maior responsabilidade imaginável, pois educar e ensinar o caminho do bem a uma pessoa, principalmente neste mundo tão conturbado pelos interesses pessoais e materiais, não é tarefa fácil. Afinal trata-se de um ser humano a ser talhado para os embates da vida, fazendo-o entender os verdadeiros valores da vida. Ensiná-lo a ser amigo fiel, cidadão de bem e respeitar os direitos do próximo. A segunda é uma tarefa que embora pareça  simples, muitos por aqui passaram e não a fizeram ou pelo menos esqueceram-se da executá-la. Plantar uma árvore é plantar a vida, é resguardar o futuro de gerações, é colaborar com a natureza que tudo nos oferece sem nada cobrar. É colaborar com esse ciclo maravilhoso terra/água/árvore. A terceira é quando você consegue transportar para o papel os sonhos acalentados de muitas formas. Pode parecer uma tarefa fácil, mas só quem já viveu a experiência de  publicar um livro, sabe das dificuldades que temos que enfrentar, haja vista a cultura do nosso povo em não gostar tanto de ler. No meu caso um livro de poemas intitulado Poemas Azuis. Em primeira mão levado ao público da minha terra natal, Dianópolis, quando da realização da Feirarte-Feira de Arte e Cultura do Sudeste. (Breve em nossa capital Palmas). Noite inesquecível pelo apoio e solidariedade de todos familiares e conterrâneos. Se não bastasse as emoções naturais do lançamento do meu primeiro livro, some-se a isso os acontecimentos, dentre eles quando  fui surpreendido por muitos compatrícios que embora tendo o desejo de adquirirem um exemplar, não tinham dinheiro para tal, o que me levou a entregar o livro para muitas pessoas sem nada receber em valor monetário, embora a recompensa interior tenha sido bem mais valiosa que o dinheiro em si. E diante disso tudo, surge no estande um rapaz de nome Artur, que a despeito de  alguns problemas mentais, intercala em suas ações, atitudes de muita inteligência. Tanto é que após receber um exemplar do meu livro, fez de tudo para levar também um cd, onde estão gravados vários poemas. Ponderei para ele que quanto ao livro tudo bem, uma vez que o mesmo fora patrocinado por  um  primo amigo de infância, mas que o disco era produção própria custeado com minhas suadas economias. Não satisfeito, Artur dava algumas voltas pela praça e retornava insinuando e demonstrando o seu desejo em obter o cd. Usou de todas os meios no intuito de me convencer. Já quase no final da noite de autógrafos, lá vem o Artur ofertando-me um quilo de feijão, sugerindo que o saboreasse no dia seguinte. Diante daquele fato não me restou outra alternativa senão entregar-lhe o disco acompanhado de volta  com seu quilo de alimento. Satisfeito saiu a mostrar a todos como um troféu que  acabara de receber. E assim na reflexão daqueles momentos vividos, ficou  a certeza de que fato como aquele, ter colabora com o mínimo para a cultura do nosso Estado, além de outros que tocaram profundamente meu coração, é que me fazem afirmar que vale a pena produzir um livro.

*Advogado e Poeta

 

       

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