REGRA OU EXCEÇÃO?

WILSON JOSÉ RODRIGUES GOMES*

09/10/2005

 

Uma conhecida piada, da qual não se conhece o autor nem a idade, mas que certamente já é balzaquiana, diz que na criação do mundo o Criador assim distribuía os acidentes geográficos:  - E na África vou colocar imensos desertos, no Brasil verdejantes matas. Nos países asiáticos vou  colocar altas montanhas geladas e improdutivas, no Brasil, terras planas e férteis. No Oriente médio vou colocar terras secas sem rios, no Brasil, caudalosos rios com belas cachoeiras. Nos Estados Unidos vou colocar furacões devastadores, no Brasil, um clima temperado com brisas que sopram suavemente nas noites tropicais. No Chile vou colocar temíveis vulcões, no Brasil vastas regiões com subsolo rico em petróleo. No Japão vou colocar terremotos avassaladores, no Brasil... Neste momento, um anjo que O assistia, já intrigado com tanta benevolência do Criador para com o Brasil, intercede perguntando: - Senhor, porquê só coloca as coisas ruins nas outras partes do mundo e no Brasil só as coisas boas? O Criador então responde: - Você vai ver a gentalha que eu vou pôr lá.

Sei não viu, mas está cada vez mais difícil de se acreditar que seja apenas uma piada de mau gosto. Não por obra e arte de Deus, que é soberanamente justo e bom, mas pelo culto desenfreado das pessoas a Mamon, o deus do materialismo desembestado e dos gozos terrenos.

Muitos se esquecem, a maioria porém sequer se interessou em saber que o ser humano é constituído de três partes distintas: corpo, mente e espírito. O corpo e a mente encontram-se em duradouro estado de sofrimento, já quanto o espírito, este se encontra em estado primitivo, para não falar caótico. Já disseram que toda unanimidade é burra. Há exceções, claro, mas estas são tão raras! Quem é mesmo regra e quem é exceção nesta oficina do diabo que virou a administração do País?

O que tem tudo isso a ver com a situação em que se encontra o Brasil? Tudo. A crise pela qual o Brasil passa é de natureza moral, Rui Barbosa já falava nisso ao tempo da Monarquia. Foi por aquela época que ele trouxe a lume o célebre bordão: De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto prosperar a desonra, de tanto agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”. 

O senso moral só se desenvolve com o progresso do espírito. E o espírito, se desenvolve como? O Governo nunca se preocupou com isso, a escola, a universidade muito menos, estas informam, mas não formam, as religiões teriam essa missão, mas estão omissas e apáticas sem falar naquelas que bandearam para o lado de Mamon. O que fazer? Ora, vamos deixar de ser hipócritas, todos sabemos o que fazer, pois na consciência de cada um está impresso todo o ordenamento jurídico Divino. É hora de identificar o ponto Deus que há dentro de cada um e seguir sua estrela, não tem erro.

 


 (*) Advogado, técnico de segurança do trabalho e consultor de empresas na área de saúde e segurança do trabalho.

       

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