REGRA OU EXCEÇÃO?
WILSON JOSÉ RODRIGUES GOMES*
09/1
Uma
conhecida piada, da qual não se conhece o autor nem a idade, mas que
certamente já é balzaquiana, diz que na criação do mundo o Criador
assim distribuía os acidentes geográficos:
- E na África vou colocar imensos desertos, no Brasil
verdejantes matas. Nos países asiáticos vou
colocar altas montanhas geladas e improdutivas, no Brasil, terras
planas e férteis. No Oriente médio vou colocar terras secas sem rios,
no Brasil, caudalosos rios com belas cachoeiras. Nos Estados Unidos vou
colocar furacões devastadores, no Brasil, um clima temperado com brisas
que sopram suavemente nas noites tropicais. No Chile vou colocar temíveis
vulcões, no Brasil vastas regiões com subsolo rico em petróleo. No
Japão vou colocar terremotos avassaladores, no Brasil... Neste momento,
um anjo que O assistia, já intrigado com tanta benevolência do Criador
para com o Brasil, intercede perguntando: - Senhor, porquê só coloca
as coisas ruins nas outras partes do mundo e no Brasil só as coisas
boas? O Criador então responde: - Você vai ver a gentalha que eu vou pôr
lá.
Sei
não viu, mas está cada vez mais difícil de se acreditar que seja
apenas uma piada de mau gosto. Não por obra e arte de Deus, que é
soberanamente justo e bom, mas pelo culto desenfreado das pessoas a
Mamon, o deus do materialismo desembestado e dos gozos terrenos.
Muitos
se esquecem, a maioria porém sequer se interessou em saber que o ser
humano é constituído de três partes distintas: corpo, mente e espírito.
O corpo e a mente encontram-se em duradouro estado de sofrimento, já
quanto o espírito, este se encontra em estado primitivo, para não
falar caótico. Já disseram que toda unanimidade é burra. Há exceções,
claro, mas estas são tão raras! Quem é mesmo regra e quem é exceção
nesta oficina do diabo que virou a administração do País?
O
que tem tudo isso a ver com a situação em que se encontra o Brasil?
Tudo. A crise pela qual o Brasil passa é de natureza moral, Rui Barbosa
já falava nisso ao tempo da Monarquia. Foi por aquela época que ele
trouxe a lume o célebre bordão: “De
tanto ver triunfar as nulidades; de tanto prosperar a desonra, de tanto
agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se
da virtude, a rir-se da honra e a
ter vergonha de ser honesto”.
O
senso moral só se desenvolve com o progresso do espírito. E o espírito,
se desenvolve como? O Governo nunca se preocupou com isso, a escola, a
universidade muito menos, estas informam, mas não formam, as religiões
teriam essa missão, mas estão omissas e apáticas sem falar naquelas
que bandearam para o lado de Mamon. O que fazer? Ora, vamos deixar de
ser hipócritas, todos sabemos o que fazer, pois na consciência de cada
um está impresso todo o ordenamento jurídico Divino. É hora de
identificar o ponto Deus que há dentro de cada um e seguir sua estrela,
não tem erro.
(*) Advogado,
técnico de segurança do trabalho e consultor de empresas na área de saúde
e segurança do trabalho.