A INTELECTUALIDADE NEM SEMPRE GERA O

BOM POLÍTICO

 

 

 

Mário Sérgio Mello Xavier*

Indaga1@hotmail.com.br

 

 

10/06/2010

  

 

"Hoje é o dia do reencontro do Brasil consigo mesmo."

Lula quando tomou posse na Presidência da República.

 

Na Grécia antiga, existia a chamada “democracia direta”, ou seja, o povo tinha participação direta na política da polis. Então, qualquer um poderia votar - qualquer um que fosse cidadão, é claro - e também poderia se tornar um governante. Isso era possível, pois os gregos primavam pela “formação do caráter”, ou seja, a educação deles era voltada para tornar o homem cada vez mais virtuoso. Caso ele não se tornar isso durante a vida, ele passava a ser equiparado a um bárbaro (tido como animal). Esta formação do homem grego dava condições a todos os homens estarem aptos a se tornar um governante.  Já aqui, no nosso caso, vivemos aquela “falsa democracia”, onde alguns “valores” se conservam no tempo para facilitar a manipulação das pessoas que “pensam” que são livres e que tem alguma participação política. Mas o problema mais grave não é só este, a nossa educação também não é voltada para uma formação do caráter, mas sim, para que possamos nos tornar produtivos, isto é, para que nos tornemos meros robôs do status quo, com vastos conhecimentos aplicáveis no processo de produção de riquezas, que sempre beneficiam alguns poucos. Temos uma formação individualista, que permite tomar atitudes que valorizam apenas o nosso bem estar e isto é um fator fundamental para se produzir tanta corrupção.

Entre muitos “doutores ratazanas” que existem e que já passaram pelo cenário político brasileiro, temos, por exemplo, o Maluf, que é formado em engenharia, estudou no Colégio São Luís, estabelecimento o qual é reconhecido pela disciplina, excelente qualidade de ensino e baseado na doutrina de padres jesuítas. Nada disso fez com que ele não tivesse (e ainda tenha) uma carreira política marcada pela corrupção. O meliante possui mais de 150 processos nas costas e recentemente seu nome foi incluído na difusão vermelha da Interpol, podendo ser preso em 181 países, menos no Brasil. Fernando Collor graduou-se em Ciências Econômicas pela UPIS (União Pioneira de Integração Social). Tornou conhecido nacionalmente como "O Caçador de Marajás". Depois da falsa postura de "guardião da moralidade", sofreu o famoso impeachment. Quem não se lembra do grande caudilho Antônio Carlos Magalhães, este era formado em Medicina pela Universidade Federal da Bahia.

E o Celso Pitta, lembram dele? Ele é economista, graduado pela Universidade Federal Fluminense, possui mestrado em economia na Universidade de Leeds (Inglaterra) e ainda cursou Administração Avançada na Universidade Harvard (Estados Unidos). Renan Caclheiros, além de ser formado em Direito é autor de quatro livros: Em Defesa de um Mandato Popular, “Contadores de Balelas” (vejam quanta ironia), Do Limão, uma Limonada e Sem Justiça não há Cidadania. Outro velho caudilho, que ainda impera é Sarney, este concluiu seus estudos secundários no Colégio Marista e no Liceu Maranhense, cursou depois a Faculdade de Direito da atual Universidade Federal do Maranhão, pela qual se bacharelou e ingressou nas academias Maranhense e Brasileira  de Letras. Jader Barbalho, da mesma estirpe de Sarney, formou-se em Direito na Faculdade de Direito – UFPA. Outro “doutor político” que está famoso agora é Roberto Arruda, ele é formou em Engenharia Elétrica na Escola Federal de Engenharia e recentemente foi pego no engenhoso mensalão do DEM.

Portanto, o que se nota minha gente, é que nós passamos boa parte da vida votando em doutores que nunca se preocuparam com a educação básica, muito menos com o ensino superior. O fato de que qualquer um que saiba apenas ler e escrever poder ser um candidato é produto de um resquício da democracia que um dia funcionou (lá na Grécia) e que hoje é hipócrita e preconceituosa.  Temos um presidente que é analfabeto para muitos, no entanto, ele è aprovado por mais 60% dos brasileiros e já fez coisas que muitos letrados não fizeram ou fariam. O problema maior disso tudo, é que exige-se muito pouco do cidadão para que ele atue como político, então, aqui no Brasil, por exemplo, para que um político tenha que ler um contra-cheque e consultar um extrato bancário, calculando suas perdas e ganhos, não é necessário formação alguma, basta apenas que ele saiba somar e/ou subtrair. Caso fosse exigido um diploma para ser político, muitos deles acabariam dando era um “jeitinho” de comprá-lo...

 

E por ai vai!

 

       

Sair

*Cursa História na UFT