As zonas de conforto do setor público

Geraldo Ivan Oliveira da Cruz*

07/06/2008

 

Comumente nos posicionamos melhor em lugares que nos oferece boas acomodações, nos deixando a vontade para fazermos o que mais nos agrada. As chamadas zonas de conforto são lugares ou situações em que nos sentimos bem posicionados, mesmo diante de desafios e necessidades latentes que deveriam gerar mudanças de atitudes e comportamentos.

Na política vemos os nossos pseudos representantes tomando atitudes e posições muitas vezes única e exclusivamente em função de privilégios e vantagens pessoais que lhes - dêem condições de comodidade, retorno financeiro e que possibilitem o pagamento das benesses que desejam, em detrimento das reais necessidades dos cidadãos que lhes deram o mandato. Vemos no Senado Federal e Câmara dos Deputados onde a compra de influência, a ganância e os acessos obscuros às chamadas zonas de conforto são práticas contumazes de indivíduos que assumem poderes emanados do povo e que não praticam a representatividade almejada no sufrágio cidadão.

Incomoda-me muito o posicionamento tranqüilo e inconseqüente dos políticos nas suas respectivas zonas de conforto. Se possível fosse promoveria a eliminação radical destas acomodações em nome de uma população que não agüenta mais ver nos programas jornalísticos diuturnamente a leviandade e as formas desordenadas, desonestas e confusas que são escolhidas para o tratamento dos interesses e direitos dos cidadãos.

O povo não agüenta mais ser protagonista de uma democracia equivocada e desnuda de princípios éticos e morais. Princípios esses que deveriam contribuir para a formação de uma cidadania, aonde os direitos e deveres viessem a caminhar a par e passo com o os anseios de vidas plenas de sabedoria e práticas coerentes. Onde as reais necessidades de sobrevivência e qualidade de vida atenuassem pelo menos em parte os antagonismos criados pela globalização dos sistemas produtivos.

No âmbito dos municípios vemos a incapacidade da maioria absoluta dos nossos representantes, combinando em número, grau e gênero com a nossa cegueira política quando exercemos o direito do voto. Torna-se cada vez mais difícil escolhermos quem possa efetivamente contribuir para o desenvolvimento socioeconômico e cultural das comunidades onde vivemos. Se faz necessário, que estejamos atentos as nossas necessidades coletivas e evitemos a conseqüência equivocada da eleição de indivíduos pela simples condição de nossos parentes ou amigos, colocando-os como “um quase funcionário fantasma” diante da incapacidade técnica para pensar e executar um projeto coletivo para comunidade; pelo fraco poder de articulação, pela falta de criatividade e muitas vezes até mesmo pela dificuldade desse individuo em se comunicar.

Precisamos estar sempre vigilantes para não gerarmos ainda mais políticos incapazes de exercerem a representatividade, pois juntamente com esses eleitos estaremos instalando outras tantas zonas de conforto que tendem a multiplicação, na mesma proporção em que esses políticos se acostumarem com o retorno fácil promovido pela acomodação nos berços esplendidos, onde muitos mamam tranqüilamente nas chamadas tetas do governo se ele municipal, estadual ou federal, sem contribuir minimamente com a função para qual foram indicados.

Somente a mudança de atitude e o desprendimento são capazes de diminuir a voracidade política pelas zonas de conforto, que de forma inconseqüente alimentam a promiscuidade nos usos dos recursos públicos e a inoperância desses representantes, muitas vezes eleitos por critérios de aproximação, parentesco, amizades, favorecimento pessoais e outros vínculos que ignoram o bom senso e a verdadeira razão de ser da política e do exercício responsável de cargos públicos eleitos pelo povo.

Caro cidadão, se você quer um lugar melhor para se viver, comece escolhendo pelos seus representantes no executivo e legislativo do município onde você decidiu morar, pois esse é o primeiro passo para o sucesso de uma gestão profícua e de resultados que coadunam com o seu ideal de qualidade de vida.

Pense nisso e viva conforme a sua escolha!

 

 

*Bacharel em Química, Turismólogo; Pós-graduado em Planejamento e Gestão Empresarial, Mestre em Administração e Educação Ambiental;

Professor Universitário e Empresário em Dianópolis.

 

       

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