A pressa, fruto da impaciência umas vezes, e da ausência de controle na distribuição do tempo em outras, torna o homem intolerante, violento, irascível e insensato. Esse febril afã de pretender que tudo se faça na hora ou se encurtem as distâncias por obra de magia, é tendência generalizada; observando uns e outros, comprova-se que nenhuma pressa tem razão de ser, salvo, naturalmente, os casos excepcionais.
Poderiam citar-se milhares de circunstâncias que o corroboram. Limitar-nos-emos a mencionar algumas: oferece um típico exemplo quem lança seu automóvel a toda velocidade para chegar o quanto antes ao lugar escolhido para seu veraneio, e na metade do caminho se detém para lanchar, despreocupadamente, demorando-se às vezes em excesso, para lançar-se de novo em desenfreada corrida, bramando de ira em cada passagem de nível, detido ante o cruzamento de algum tranqüilo comboio ferroviário; oferece-o também aquele que, ao ser atendido em qualquer solicitude, manifesta como advertência que está muito apressado, ou protesta iradamente ante a menor demora, para passar depois longas horas num bar ou entretido entre amigos.
Poderia citar-se, igualmente, o caso daquele que, tendo concebido um projeto, queira vê-lo realizado no momento, deprimindo-se por toda dificuldade que encontrar em sua execução, e abandonando-o, finalmente, por parecer-lhe que sua realização demorará muito. Em singular contraste, aparece um fato, repetido com certa freqüência: as pessoas que atendem aos apressados nem sempre se apressam, parecendo a estes que aqueles demoram deliberadamente; entre ambas as partes produzem-se assim conflitos de apreciação do tempo, que raramente chegam a conciliar-se.
Que frutos pode obter de seu tempo o apressado se depois o perde inutilmente, por viver em um constante estado de ofuscação? Não há dúvida alguma de que a reflexão e a paciência inteligente são as que levam o homem a serenar seu ânimo e a equilibrar seus estados psicológicos.
Se, encontrando-nos em um pomar e desejando comer uma fruta, reparamos que está verde, apesar da pressa, deveremos aguardar seu natural amadurecimento. Muitos, arrancando-a antes do tempo, encontram um sabor desagradável ao prová-la, desprezando um manjar que, saboreado oportunamente, teria sido delicioso.
Com os propósitos ocorre algo similar: já se tem visto quantos seres os formulam sem ter a paciência de esperar que os mesmos se convertam em realidades, por querer saboreá-los, como no caso da fruta, antes de seu amadurecimento.
(Este artigo é do criador da LOGOSOFIA, González Pecotche)
(Conheça a Logosofia, ciência do aperfeiçoamento humano)
Colaboração de
Francisco
Liberato Costa Póvoa (Ié)