Afinal, quem tem razão?
É necessário cultivar muito a reflexão, evitando pronunciar-se com premência, já que nunca é tarde para responder com a palavra ou com o exemplo. O mau é quando se que ter razão em todo momento e, pior ainda, quando se tem a pretensão de impô-la aos demais. Todos temos sempre uma parte de razão; mas não é esta a que utilizamos para entender-nos com o semelhante, senão, justamente, a que não temos, isto é, a que cremos ter.
Se encontramos duas pessoas discutindo com ardor e até quase agressivamente, e lhes perguntamos de improviso que animosidade existe entre elas para discutirem dessa maneira, é certo que não saberão responder com certeza a que obedeceu terem chegado a tratar-se em termos tão agressivos; ou melhor, dirão, as duas ao mesmo tempo, que uma delas quis impor à outra sua razão. Agora vejamos; se uma delas, em vez de querer impor sua razão, desse à outra a sua, buscando com isto acalmar sua pretensão, seu amor-próprio ou sua vaidade, quem haveria saído ganhando? A primeira, absolutamente nada, e a outra, menos, mas teriam evitado possíveis conseqüências amargas.
Isto significa que não devem existir desavenças entre os seres por motivos totalmente alheios ao que constitui o fim da vida, porque seria distrair a atenção, perder o tempo, gastar energias, contrariar o espírito e relaxar o ânimo. Em conseqüência, quem é consciente de possuir uma parte de bem e de felicidade deve tratar logicamente de ser amável, desculpando sempre os momentos intemperantes ou intempestivos do ânimo do semelhante, pois, quanto mais o desculpar, tanto mais haverá de merecer desculpa, se alguma vez incorrer no mesmo erro. Quão grato se torna ao espírito sentir como nos é devolvido o mesmo bem que tenhamos oferecido na desculpa ou na dissimulação do erro alheio. Com isto, somente, já estamos nos fazendo um bem; alimentando nossa própria felicidade.
(Este artigo é do criador da LOGOSOFIA, González Pecotche)
(Conheça a Logosofia, ciência do aperfeiçoamento humano)
Colaboração de
Francisco
Liberato Costa Póvoa (Ié)