As presenças animadas do mundo interno

 

A Natureza é sábia e contém o néctar da Sabedoria. É a primeira mestra do ser humano. Quem acaso, não terá povoado sua mente, lá na infância, na primeira infância, de presenças animadas? Essa foi sua primeira vida social. E essas presenças com que povoaram sua mente, criando, convertidos em semideuses dentro dela, um mundo que era seu, não obedeciam dóceis a seu mandato e lhes rendiam essa grande homenagem que só se pode tributar ao Criador? Justamente, porque foram os criadores desse mundo, dando-lhe vida e vivendo nele.

Acaso, sendo crianças, não recordam haver ordenado em sua mente uma classe e repreender aos alunos mais rebeldes, e gritar com eles, e olhar, também, com benevolência, aqueles que lhes eram mais simpáticos? Não respondia tudo isso ao menor movimento de sua mente? Não formavam exércitos mentais, cujos soldados, vestidos com diferentes trajes e marchando sob suas ordens, encerravam o inimigo nos calabouços e os castigavam? Não estavam, então, acompanhados por presenças que lhes eram gratas? Não observavam, com orgulho, como acatavam sua vontade, recebendo o respeito que deles mereciam?

Que lhe revela isto? Que, se na mente de uma criança, de uma criatura, existe um poder de retenção de imagens e figuras de seres, cujos movimentos não passam inadvertidos à sua atenção, agora, seres adultos, podem fazer o mesmo com os pensamentos que estão dentro de sua mente e constituem seu diminuto mundo interno. Que isso é possível, as próprias crianças o estão demonstrando; mas é indubitável que as presenças animadas que hoje ocupam sua mente têm de ser diferentes daquelas da infância, quanto à sua realidade e ao serviço que, necessariamente, devam prestar-lhes. Haverão de buscar companhias que sejam gratas ao seu espírito, que lhes ajudem em seus esforços, em seus empenhos e que, ao mesmo tempo, sejam um auxílio poderoso para o entendimento. Presenças verdadeiramente animadas; que contenham vida e força e estejam sempre à sua disposição; que não dificultem a ação de seu discernimento e cujos movimentos não ignoram, de forma a saber sempre onde elas estão, seja dentro da mente ou fora; que saibam reconhecê-las como suas e ter a segurança de poder utilizá-las em benefício de sua própria vida.

É isto o que a Logosofia ensina; esta é a verdadeira ciência do conhecimento. E só assim há de ser possível renovar-se totalmente, mudar de semblante, deixar a máscara triste, pessimista e carrancuda, e tomar a doce, que haverá de transformar-se na fisionomia natural, cujo olhar, antes turvo, cheio de sombras, aparecerá claro, iluminando tudo o que vê.

E sendo assim, sendo que o entendimento pode ter à sua disposição tanta riqueza de elementos, não lhes sugere isso a possibilidade mais que certa de que cada um pode mudar seu destino? Estar condenado por tempo indeterminado em um cárcere é como figuramos o destino; não obstante, esse destino não poderá mudar se o comportamento do preso é exemplar, se sua conduta merece a atenção e o apreço dos que cuidam dele? A pena a cumprir não será comutada e ficará em liberdade muito antes do tempo fixado?

 

 (Este artigo é do criador da  LOGOSOFIA, González Pecotche)

(Conheça a Logosofia, ciência do aperfeiçoamento humano)

Colaboração de Francisco Liberato Costa Póvoa (Ié)

www.logosofia.org.br

     

 

       

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