04/12/2004
COINCIDÊNCIA
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José Cândido Póvoa – Advogado e poeta (jcpovoa@hotmail.com)
Dizia minha querida mãe que determinados acontecimentos em nossa vida, os quais chamamos de coincidência, na verdade são arranjos da Divina Providência para que ocorram desta ou daquela forma. Conheçam o seguinte fato e tirem suas conclusões: em Brasília, na década de 80, conheci o Cel. Danton, Presidente da Telebrasília, pessoa a quem o hoje Sudeste do Tocantins muito deve. Sabendo eu ser originário do Nordeste de Goiás, (à época chamado corredor da miséria, embora entendesse se tratar do corredor do abandono, pois pouquíssimos homens públicos levavam muito a sério aquele pedaço de Brasil), convidou-me para participar da inauguração do sistema de televisão na minha cidade natal. Um fato inusitado por ser a primeira transmissão daquele sistema de comunicação em nossa terra. Dia combinado. Num final de semana desloquei-me de Goiânia para Brasília, onde minha família permaneceu. A comitiva composta pelo Cel.Danton, Dr. João Rodrigues Leal, outras pessoas que não me lembro bem e eu, fazíamos completa a lotação do bimotor que nos levou até Dianópolis. Recepção à altura do acontecimento. A cidade se rendeu à bondade daquele homem a quem devemos, também, a implantação do sistema telefônico. Ele se tornara, por afinidade e bondade, filho da nossa terra. A noite, solenidade em praça pública. Combinado o retorno para o dia seguinte, após o opíparo churrasco servido no clube do BASA. Residindo meu irmão na saída para o aeroporto, resolvi ficar por ali a espera dos demais companheiros, quando percebo o barulho de um avião sobrevoando a cidade e tomando o rumo do sul. Imediatamente solicitei meu cunhado e amigo Dr. Wilson que me levasse até a pista de pouso. De longe percebi que não havia ali nenhuma aeronave. Realmente eu havia ficado para trás. O motivo ? Não sabia. Imaginando os dois dias de poeira que teria que enfrentar no ônibus para Brasília, percebo um pequeno monomotor ali aterrissando. Solicitei ao piloto que chamasse pelo rádio um avião que acabara de decolar daquele local. Prontamente atendido, recebemos a resposta do Cel. Danton, que estava retornando para buscar-me, embora já com 12 minutos de vôo e quase fugindo à freqüência do rádio. Nesse ínterim, informou-nos o piloto do pequeno avião, que seu destino era o Pará, mas devido ao pouco combustível que tinha, resolvera descer ali para reabastecimento. Sem entender muito bem o ocorrido, o Cel. Danton foi explicando que o prefeito da cidade houvera informado que eu preferira ficar para retornar de ônibus no dia seguinte. Sabendo o Prefeito que a lotação do avião estava completa e tentando angariar dividendos com um determinado Deputado Federal, seu correligionário, inventou a história para ocupar a minha vaga. O constrangimento foi maior diante da afirmação do Cel. de que se tratando de convidado seu, com ele vindo, com ele retornaria e que amigo dele não ficava na chapada (ou no cerrado), e se o referido Deputado quisesse se acomodar no pequeno corredor do avião, tudo bem. O que foi feito. Concluo que a esperteza do Prefeito não conhecia e creio que até hoje não conheça, as surpresas que a Divina Providência (ou coincidência ?) nos reserva.