IMAGENS

J. Alencar Aires*

De outra,
que o sono rebentou o aquário verde
e na pele da imagem
outras cores não foram
que a metálica visão
qualificando o concreto assombro.

Se não fora o poder
de jazer ainda inerte
entre o casulo e a possibilidade
de outras eclosões
não deixaria o moinho
que a vida empresta
manipular a carne de outras verdades.

De quando o galo
num íris vermelho
aprofundou tanto em descobrir...
que rugas começaram a amanhecer
de minha pele
como um recado erosivo
cobrando as nuanças de ontem.

Que de um filme,
repartidas cenas
obstruiu meu comportamento
e eu não recebi o lugar
de onde morcegos surgiram
povoando espaços de meu íntimo.

Restou
que dos homens rescendia uma intimidade crua
e tinturas de paisagens
foram dando perfumes às minhas lembranças.

E amanheceu um ritmo
clareando o quarto e o dia
e nenhuma visão nova
acelerou o postal da vida.

E eu fiquei uma bromélia
no viço da expectativa
quando nada mais pode restar
que a fragilidade de um homem sonhado.
 

 

*Poeta, escritor, músico e compositor

       

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