ANTÔNIO BONFIM, mergulhando em direção ao cerne do complexo eu, pintou, numa aquarela de cores vivas, uma fase de sua vida. É o coração jovem a procura da fé, os anseios de Deus nos anseios da juventude. “Poemetos” – gotas de luz nas névoas da vida e “Pelada”, o eu-menino-moleque que existiu em cada um de nós, meninos do interior. Suas páginas ressumbram uma religiosidade cevada no aconchego do lar, na infância curtida em contato com a natureza.

 

Dianópolis, 25 de março de 1978.

Prof. Carlos Alberto Wolney

(Professor e Crítico de Arte)

 

 

ANTONIO BONFIM CARVALHO TELES, nascido em 12.08.1947, em Diaópolis-TO, concluiu o ginásio em 1966; Engenharia Elétrica na UnB em 1974.

 

Algumas de suas poesias:

 

PELADA

 

(publicada no livro "Passeata das Abelhas")

Ninguém vai torcer,

É jogo sem graça

Pelada que passa,

Que a gente não vê.

 

Pelada

Descalça

E nua;

Sem hora

Sem gosto,

Sem fim,

Sem campo,

Na rua...

 

Meninada solta

Que atrapalha a gente,

Jogando na grama,

Correndo em calçadas,

Com bola furada,

Ao sol quente...

 

Não importa nada:

Nem sol,

Nem vento,

Nem carro,

Nem queda,

 

E que mais?

-Nem os brados dos pais...

 

Menino faz gesto,

Empurra correndo,

Esforça correndo,

Suado e vermelho;

Ri, abraça e passa...

Gritando à-toa...

Xingando à-toa...

 

Espera aqui, ali;

Espera movendo,

Olhando, esperando,

E toma a pelota

E sobre o calção,

Corre e estica,

Encontra, volteia,

Retoma a pelota,

Pronto a dispara-la

E a correr, a sumir...

 

E parte

Fungando,

Forçando

Sem nome,

Sem peso,

Sem rosto,

Sem tudo...

 

Passa e nada vê...

 

No vôo...

E exulta,

Palpita,

E pula

E grita

-É goool!!!...

 

 

CARICA

 

(Inédita - Rio da Conceição, fev/2004)

 

Eu sempre vou te amar, meu paraíso,

Alivio da minha alma e coração,

Sempre vou te amar cada vez mais,

Meu encantado Rio de Conceição!

 

Quero nadar na Prata fria,

Que é só neblina ao amanhecer.

Quero sentir o vento do gerais,

Tremulando os verdes mangueirais.

 

Desejo pular da ponte como outrora,

Montar animais pelas Campinas,

Espiar o banho das meninas,

No poço proibido que eu banhar.

 

Quero das cachoeiras a cantiga,

No Cavalo Queimado adormecer,

Viver na minha casa antiga,

Que o tempo deixou permanecer.

 

Eu sempre vou te amar, Cidade além,

Que na boca do povo é só CARICA,

Pelo amor e carinho que contém...

 

Eu sempre vou te amar,

Rio do meu coração,

Berço da minha vida,

Estrela do Tocantins,

Portal do Jalapão!

 

 

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