Meus Vizinhos

 

Casimiro Costa Neto*

 

 

(Fazenda Paraíso, 26/11/1982)

 

De frente vejo o pradino da mata

Circulante unida ao meu rancho amigo

Onde as cigarras cantam suas serenatas

Lembrando-me canções do tempo antigo

 

O solitário jaó canta mais além

Saudosa canção não sei o que diz

Mas em ouvir me faz tanto bem

É por ouvi-lo, que me sinto assim feliz

 

A saracura que inquieta beberrona

Canta samba para espantar seus males

Esquecer a tristeza não lhe chamarem chorona

Sofre menos quando canta seus cantares

 

O sabiá que lírico sobrevoando passa

Sobre meu rancho no outro dia volta

Levando e trazendo ditosa lembrança

]como repetindo versos o saudoso poeta

curiango noturno me concentra mais

ouvi-lo é somente após a tardezinha

aquela voz sagaz vem mitigar meus ais

 

Em memória prece da Ave Maria

Vem o silencia e lá da imensidade

Um potencial desafio flutua

Vem a brisa me trazer saudade

Num festival sob a luz da lua

Ide depressa, oh sol, em busca da aurora

Traga-me novo dia para meu trabalho

Para a passarada contar minha história

Depois dormimos em vizinho agasalho.

 

Poeta e Compositor

       

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