A cultura das novelas x A cultura oriental

 

Mário Sérgio Mello Xavier*

Indaga1@hotmail.com.br

 

24/05/2009

 

Não sou muito de acompanhar novela, aliás, sou daqueles críticos ferrenhos desse modelo de entretenimento, cuja principal função e “ditar” modas, modos e costumes dentro de uma sociedade cada vez mais fantasiosa. Nunca se vê uma novela sendo rodada no nordeste, centro-oeste ou norte do Brasil. Como se nosso imenso país fosse apenas o Rio de Janeiro e São Paulo. Antigamente tínhamos a República do café com leite, e hoje vemos pela TV a república das belas praias e do dinheiro supostamente fácil.    Para mim, toda novela teria que vir de escritores como: Oswald de Andrade, Machado de Assis, Cecília Meireles, José de Alencar e muitos outros.   Mas infelizmente, assistir novela é um dos muitos fatos que passam a fazer parte do cotidiano de quem se casa, pois o pouco temo que temos para ficar em nossas casas após o trabalho, estamos ao lado de nossas esposas assistindo alguma delas ( 03 ao todo).                

Falo de novela, porque sempre dizem que a novela mostra a realidade da sociedade. Bem, elas até tentam, mas o que querem mesmo é o ibobe e para alcançá-lo, nada melhor que colocar sempre uma pitadinha de traição e malandragem. Até mesmo em novelas que tentam mostrar a cultura de outros países, eles criam e desvirtuam toda a história.  Após ler um extenso texto no endereço (http://orientika.blogspot.com/2008/04/caractersticas-da-filosofia-chinesa-e.html) e lembrando de alguns capítulos da novela global Caminho das Índias, fiquei pensando nessa coisa dos chineses, japoneses e indianos interessarem tanto pelo significado de todas as coisas.           

Suas vidas são pautadas por isso. Para eles, tudo tem um significado filosófico e, quase sempre, com repercussões em seu cotidiano. Para eles, o “significado” está em seu dia a dia e fazem parte da suas essências.  Por exemplo, a alimentação e as cores dizem muito para aquele povo, o modo de caminhar ou sentar dizem outras tantas coisas, o simples ato de presentear alguém, cumprimentar alguém, as celebrações, o azar e a sorte são irmãos, a morte e a vida... É uma sociedade voltada para a observação do outro e daquilo que não se pode ver.        

Nós aqui, os ocidentais, adeptos de uma boa novela carioca, somos o oposto desses povos. Acreditamos no que vemos, somos materialistas, e religiosos apenas por necessidade medo ou imitação. Não somos de filosofar sobre a vida, deixamos isso para os “verdadeiros” filósofos, e raramente buscamos na observação do outro e da vida significados para as nossas próprias vidas. Somos um povo que vive dia após dia, e a razão sempre predomina sobre as nossas emoções.             

Pensar e comentar sobre o cotidiano, sobre a sociedade, sobre a na nossa cultura no Brasil é tarefa para os fracos, sentimentais. Para não dizer inconvenientes. Na maioria das vezes, enxergamos a história de nosso país sempre pelo lado negativo, ou Pelo lado novelístico de ser.  Aliás, nosso povo não conhece nada de história, mas sabe o nome e os personagens de uma novela que rodou a mais de 20 anos atrás.

Mário Sérgio,

*Autor do Blog www.envergaduramoral.com.br

       

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